André Muzell/R7
Uma das áreas de risco da cidade, Alto da Floresta tinha, em 2006, 684 pessoas ameaçadas em áreas de risco
A possibilidade de uma tragédia em Nova Friburgo, na região serrana fluminense, foi alertada em 2006 após um estudo feito em parceria por técnicos da prefeitura e do Serviço Geológico Mineral, do Ministério de Minas e Energia.
O trabalho, intitulado de Plano Municipal de Redução de Riscos, indicou naquela época que 4.873 pessoas e 1.199 casas em áreas de risco estavam ameaçadas na cidade. A cidade já registrou quase 400 mortes com o temporal da semana passada.
O estudo revelou ainda que, se nada fosse feito nestas áreas, "é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso".
O trabalho, intitulado de Plano Municipal de Redução de Riscos, indicou naquela época que 4.873 pessoas e 1.199 casas em áreas de risco estavam ameaçadas na cidade. A cidade já registrou quase 400 mortes com o temporal da semana passada.
O estudo revelou ainda que, se nada fosse feito nestas áreas, "é muito provável a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período de um ciclo chuvoso".
Os técnicos que elaboraram o estudo estimaram que, para realizar obras para minimizar os riscos, seriam necessários cerca de R$ 17 milhões. Segundo a Prefeitura, esse dinheiro nunca foi repassado e a administração municipal não teria condições de arcar com as despesas.
- Não conseguimos obter os recursos para as obras - disse o coordenador da Defesa Civil municipal, coronel Roberto Robadey.
De acordo com o estudo, as áreas citadas como sendo de risco foram Alto da Floresta, Floresta, Lazaredo, Alto da Olaria, Vilage, Cordoeiro, Barroso e Riograndina.
Destas regiões, Alto da Floresta e Olaria registraram mortes durante o temporal. Lazaredo, Cordoeiro, Riograndina e Vilage tiveram deslizamentos, mas sem vítimas mais graves.
Robadey afirmou ter feito um novo estudo, que identificou que o município tinha 35 áreas de risco e que, para reduzir os impactos, seriam necessários R$ 50 milhões
Alto da Floresta e Floresta tinham na época do estudo, 123 casas e 684 pessoas ameaçadas. A área mais crítica apontada na pesquisa, no entanto, era Alto da Olaria, com 3.276 pessoas e 801 residências em risco. Na região, um prédio desabou e matou duas pessoas, entre elas uma criança, na semana passada.
Batalhas judiciais
O coordenador da Defesa Civil de Friburgo, Roberto Robadey, afirmou ter feito o possível para diminuir o problema. Segundo ele, nos dois anos que está a frente do órgão, conseguiu remover cerca de 50 casas e realizou mais de 2.000 vistorias em áreas de risco e sempre orientou os moradores a realizar modificações em suas residências para reduzir o risco, além da instalação de pluviômetros.
A prefeitura informou que, além da falta de dinheiro, outra dificuldade para reassentar as famílias em risco foram batalhas judiciais com vizinhos de áreas escolhidas para a construção de casas populares.
Sobre isso, a administração municipal cita o processo de desapropriação da Fazenda da Laje como exemplo. O caso se arrastou na Justiça desde 2009 e, neste ano, a prefeitura ganhou a causa e poderá construir cerca de 3.000 casas populares no local. O governo friburguense ainda anunciou que está demolindo 250 casas e interditando outras
De acordo com a administração municipal, apenas 10% das áreas de risco foram atingidas pelo temporal e locais fora deste eixo, como Córrego Dantas e Campo do Coelho, foram os que registraram o maior número de mortes na cidade.
Roberto Robadey afirmou que a chuva atingiu locais "inimagináveis" e que "ela foi maior do que qualquer planejamento que fosse feito".
Tragédia das chuvas
O forte temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro no dia 11 deste mês deixou centenas de mortos e milhares de sobreviventes desabrigados e desalojados, principalmente na região serrana.
As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José do Vale do Rio Preto e Bom Jardim foram as mais afetadas. Serviços como água, luz e telefone foram interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados. Equipes de resgate ainda enfrentam dificuldades para chegar a alguns locais.
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Compare os locais com a montagem "antes e depois"
No dia 14, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.
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No dia 14, a presidente Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões para ações de socorro e assistência às vítimas. Além disso, o governo federal anunciou a antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa nas cidades de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis.
Empresas públicas e privadas, além de ONGs (Organizações Não Governamentais) e voluntários, também estão ajudando e recebem doações.
Os corpos identificados e liberados pelo IML (Instituto Médico Legal) são enterrados em covas improvisadas. Hospitais continuam com feridos internados. Médicos apelam por doação de sangue e remédios. Os próximos dias prometem ser de muito trabalho e expectativa pela localização de corpos.
Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado.
Em visita à região de Itaipava, em Petrópolis, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que ricos e pobres ocupavam irregularmente áreas de risco e que o ambiente foi prejudicado.
- Está provado que houve ocupação irregular, tanto de baixa quanto de alta renda.
Está provado, também, que houve dano da natureza. Isso não tem a ver com pobre ou rico.
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