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A chegada dos portugueses ao Brasil está diretamente relacionada com o grande processo de expansão marítima da Europa no século XV. Como os portugueses alcançaram o cobiçado território das Índias, era preciso estabelecer um contato definitivo com as ricas cidades asiáticas e iniciar as atividades comerciais.
Assim, foi organizada uma poderosa expedição, composta por treze navios, comandada
pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, com o objetivo de estabelecer o domínio português sobre o comércio das especiarias, quebrando o monopólio que, durante séculos, pertencia às cidades italianas.Em 22 de abril de 1500, a expedição alcançou a costa brasileira, avistando o Monte Pascoal, no atual estado da Bahia. A data do primeiro contato dos portugueses com o território brasileiro, assim como as primeiras impressões sobre a terra, foram registradas na Carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei D. Manuel I.
Visando reconhecer e mapear o território brasileiro, Portugal enviou a primeira expedição exploradora, comandada por Gaspar de Lemos em 1501. Nesta expedição estavam experientes navegadores e cartógrafos, com destaque para Américo Vespúcio. Foram anotados pontos importantes da nossa costa, dos quais destacamos:
Cabo de São Roque – 16/08/1501
Rio São Francisco – 04/10/1501
Baía de Todos os Santos – 01/11/1501
Cabo de São Tomé – 21/12/1501
Rio de Janeiro – 01/01/1502
Angra dos Reis – 06/01/1502
O nome Rio de Janeiro foi um equívoco cometido pelos navegadores. Ao chegar à entrada da Baía de Guanabara, acreditavam estar diante da foz de um rio. Como era o primeiro dia do ano, chamaram-no Rio de Janeiro. A Baía de Guanabara é um nome de origem indígena, que significa “água escondida”.
Com os mesmos objetivos da primeira, a segunda expedição exploradora, comandada por Gonçalo Coelho em 1503, deteve-se na Baía de Guanabara, na atual Praia do Flamengo. Esta expedição também trouxe consigo o experiente Américo Vespúcio, responsável pela fundação da feitoria de Cabo Frio para exploração do pau-brasil, na praia do Cabo da Rama, atual Praia dos Anjos, em Arraial do Cabo.
Em abril de 1531, Martim Afonso de Souza chegou ao Brasil comandando a primeira expedição colonizadora. Permaneceu na Baía de Guanabara por cerca de oito meses, depois rumou para São Vicente, em São Paulo, onde fundou a primeira vila do Brasil, em 1532. As principais tribos que habitavam a região sudeste eram os goytacazes, paraíbas, puris, tamoios, goianás, que compunham os maiores grupos. Os grupos menores eram formados pelos coroados, coropós, caiapós, guarus, tupiminós ou temiminós.
Com o abandono da feitoria de Cabo Frio, a região foi invadida pelos franceses, que passaram a explorar o pau-brasil. Em 1534, o rei D. João III dividiu o Brasil em quinze lotes latitudinais: as Capitanias Hereditárias. O futuro território fluminense ficou dividido entre duas Capitanias: de São Tomé, pertencente a Pero de Góis de Silveira, e a de São Vicente, pertencente a Martim Afonso de Souza. A divisa entre as duas Capitanias ficava no Rio Macaé - a Capitania de São Vicente era dividida em dois lotes descontínuos.
Entre os dois lotes localizava-se a Capitania de Santo Amaro. Pero de Góis iniciou uma ocupação denominada Vila da Rainha, próxima ao Rio Itabapoana, origem do município de São João da Barra. Atacado pelos índios goitacazes, que defendiam suas terras, os colonos abandonaram o povoamento.
A Capitania de São Vicente estendia-se do Rio Macaé até o atual estado do Paraná, e só foi ocupada na parte sul do atual estado de São Paulo Em 1548, foi criado o Governo Geral do Brasil, com sede em Salvador, na Bahia. Em 1555, os franceses, comandados por Nicolau Durand de Villegagnon, invadiram a Baía de Guanabara no Rio de Janeiro, apoiados pelos índios tamoios.
O então Governador Geral, Mem de Sá, enviou em 1560, uma expedição para combater os franceses. Em 1º de março de 1565, foi fundada por Estácio de Sá, a Cidade do Rio de Janeiro, entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar, onde hoje se localiza o Centro de Capacitação Física do Exército e a Fortaleza de São João.
Em 1567, com a derrota dos franceses, a cidade foi transferida para o Morro do Castelo, arrasado no século XX. A partir daí criou-se a Capitania Real do Rio de Janeiro. A distribuição de terras, as chamadas Sesmarias, para ocupação do território, principalmente na atual Baixada Fluminense, foi farta. O povoamento de Angra dos Reis, em 1559, de Magé, em 1567, de São Lourenço, em 1568, e Maricá, em 1594, deu-se em seguida.
A expansão para Cabo Frio, no sentido de Araruama, foi uma conseqüência natural da guerra contra os índios tamoios, o que determinou o extermínio e a escravidão disfarçada dessa tribo. Pelo seu destaque na guerra contra os franceses e tamoios, Araribóia, chefe dos índios temiminós, recebeu, em 1568, do Governador Salvador Correia de Sá, as terras da Sesmaria de São Lourenço, atual Niterói. A doação das terras foi oficializada em 22 de novembro de 1573.
Em 1615, foi fundado o Forte São Mateus, em Cabo Frio, para livrar o Rio de Janeiro do tráfico promovido pelos franceses. São Pedro da Aldeia foi fundada pelos jesuítas para catequese dos indígenas durante este período. A região do estado acima de Macaé pertencia à Capitania de São Tomé, ou Campos dos Goytacazes. Em 1677, foi fundada a Vila de São João, na região de Campos dos Goytacazes. Em função das lutas entre os Correia de Sá e os campistas, o Rei D. José I transferiu a região de Campos para a Capitania do Espírito Santo, retornando ao Rio de Janeiro em 1832. Destacou-se nesta luta a heroína campista, Benta Pereira.
O açúcar era até então o principal produto do Rio de Janeiro que possuía grande quantidade de engenhos. No século XVIII, durante o governo de Gomes Ferreira de Andrada foi introduzido o plantio de café. Em 1763, a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro.
A descoberta e a exploração de ouro, em Minas Gerais, aumentou a importância do Rio de Janeiro, principalmente a atividade portuária. A abertura do Caminho Novo ligando o Rio de Janeiro ao interior de Minas Gerais, intensificou as atividades do porto do Rio de Janeiro, pois as viagens para o interior passaram a ser mais rápidas. Pelo Caminho Velho saía-se do Rio para Parati por mar e, daí, subindo a Serra do Mar chegava-se a Minas Gerais pela Serra da Mantiqueira.
O ouro e os diamantes passaram a ser escoados pelo porto do Rio de Janeiro, aumentando a sua importância econômica e política. Em função disso, em 1763, a capital do Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. A invasão de Portugal por tropas de Napoleão, obrigou a Família Real Portuguesa a se transferir para o Brasil, em novembro de 1807. Em 1808, com a Abertura dos Portos às Nações Amigas, houve uma grande valorização das terras da cidade do Rio de Janeiro e proximidades. Isto deveu-se ao fato de a Corte portuguesa ter fixado residência no Rio de Janeiro e a cidade ter-se beneficiado com o aumento do comércio internacional.
Na época havia apenas duas cidades: Rio de Janeiro e Cabo Frio e as Vilas: Angra dos Reis, Parati, Magé, Macacu, São Salvador (Campos dos Goytacazes) e São Gonçalo. Niterói só foi considerada Vila em 1819, com a criação da Vila Real de Praia Grande. A economia girava em torno do comércio marítimo entre o Rio de Janeiro e Lisboa e os portos da África, na Guiné, em Angola e Moçambique. O açúcar era o principal produto manufaturado da região de Campos e Baixada Fluminense, além do ouro e diamantes, embora decadentes. O tráfico de escravos, esse terrível e desumano comércio, também era de grande importância.
Crescia a produção de café do Rio de Janeiro que se expandiu para a Baixada Fluminense e, daí, para o Vale do Rio Paraíba do Sul. Em 1822, o Rio de Janeiro passou a sediar o Império do Brasil, cuja capital era a cidade do Rio de Janeiro. Em 1834, com o Ato Adicional promulgado pelo Governo Regencial, foi criado o Município Neutro. Assim a Cidade do Rio de Janeiro ficou separada da Província do Rio de Janeiro. Até meados da década de 1870, a aristocracia cafeeira do Rio de Janeiro dominou o país, pois a província era responsável por 60% da produção nacional. Com o esgotamento das terras e a expansão do café para o Espírito Santo e São Paulo, a economia local começou a entrar em declínio.
A Abolição da Escravatura, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889, ambas ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, foram fundamentais para a decretação da falência final da província. As novas relações econômicas capitalistas e o poder político eram liderados por São Paulo. O século XX marcou o grande desenvolvimento do agora Distrito Federal,antigo Município Neutro, localizado na cidade do Rio de Janeiro, enquanto o Estado do Rio de Janeiro, antiga província, tinha sua economia estagnada.
A capital federal foi palco de diversos acontecimentos políticos e sociais, como a Proclamação da República, a Promulgação da Constituição de 1891, a primeira da República, as revoltas da Armada e da Chibata, a revolta da Vacina, a revolta dos Dezoito do Forte, a Revolução de 1930, que provocou profundas mudanças políticas no país, o golpe de 1937, com a instalação da ditadura do Estado Novo, sob o comando de Getúlio Vargas, a redemocratização do país em 1946, a luta pela criação da Petrobras e o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, o Golpe Militar de 1964, as passeatas de 1968, com a morte do estudante Edson Luiz, as memoráveis campanhas eleitorais, após a luta pela abertura política e pela anistia, o grande comício das Diretas Já, a Passeata dos caras pintadas pelo impedimento do Presidente Fernando Collor de Mello, enfim o Rio de Janeiro é um grande centro gerador de riquezas e é, ainda hoje, um grande centro de acontecimentos políticos e sociais, que repercutem em todo o país.
Em 1960, a cidade do Rio de Janeiro perdeu o título de Capital Federal para Brasília. Foi criado, então, o Estado da Guanabara, que possuía as terras do antigo Distrito Federal. O Estado do Rio de Janeiro continuava separado da cidade que lhe dera o nome. Em 1975, o Governo Federal, ainda sob o regime militar, resolveu reintegrar a cidade do Rio de Janeiro, então Estado da Guanabara, ao antigo Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: http://www.inepac.rj.gov.br/arquivos/Historico_Estado.pdf
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